quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A atual imagem da sociedade contemporânea

Naquela noite nem por um simples devaneio qualquer, almejaria algo tão distante do que julgo ser realidade. O ser de olhos claros, óculos de poucos graus e de personalidade epidítica, girava-me a 360º e sussurrava poucas palavras que me deixava estupefato. Dizia-me coisas de árdua compreensão e perguntara qual o motivo de estar a deriva. Minha pele se encontrava fria, as mãos trêmulas e nem sugando todo o oxigênio com meu saudável pulmão saia minha voz. Sem o direito que me concerne, observava a situação perplexo. O ser de idiossincrasia portentosa, por um instante, colocou sobre minhas mãos um objeto de aproximadamente 25 x 15 cm de tato sólido, subtendia-se que fosse um livro, como de fato era. Antes mesmo que olhasse o livro, o ser, por uma força sobrenatural, mostrava-me impetuosamente um mundo que não conhecia até meus poucos anos de vida corriqueira. Observávamos pessoas de cunho altamente egocêntrico, sem o menor nível de solidariedade e piedade, cujos atributos eram apenas julgar, maltratar, ludibriar, zombar e se vangloriar, que o ser chamara de maléficos. A plebe era a única sociedade solidária submetida aos maléficos sem o direito de indagação. O ser apresentou-me um indivíduo que era plebe e explicou-me que o gajo indivíduo sofria com os atos subumanos dos maléficos e que pronunciava que um dia de alguma forma inexplicável transformaria aquela situação depravadora. O indivíduo que era de origem bucólica -explicara o ser de olhos claros - era apontado, outrora, como o mais humilde e benévolo da sociedade a qual pertencia, alegavam que tinha em seu interior um amor incontido, que sem equívocos nos termos, entregava a danificada vestimenta e o pouco alimento que mal dava para se alto sustentar a pessoa que necessitava. A fim de transformar o rótulo da sociedade, o indivíduo com o pouco dinheiro que ganhava com um trabalho integral das 7h as 23h sem folgas semanais, comprou um punhado de livros usados e se entregou profundamente a leitura. Anos depois o indivíduo ingressou na academia universitária pública e após a formatura, o indivíduo afastou-se da sociedade a qual pertencia para trabalhar e começar ali a subtendida transformação a qual pronunciara no início. Com o sucesso profissional, o indivíduo obteve poder pecuniário, logo ajudou a família e realizou todas as coisas que julgara utopia, já que veio de uma condição altamente miserável. Alguns anos depois o indivíduo entrou na vida política, se aliou a um partido, elegeu-se a um cargo significativo e logo já estava no poder. Elaborou inúmeros projetos a fim de modificar as lamentáveis coisas perpetradas pelos maléficos. Mas indesejavelmente não conseguiu cometer nada daquilo que almejava para o futuro, pois a burocracia da oligarquia não permitia modificações em seus conceitos errôneos que vinham sendo seguidos e obedecidos a anos. Completamente constrangido e revoltado por não ver os seus solidários projetos se concretizarem, já que não tinha a menor égide daqueles que poderiam de fato reverter a situação deplorável, o indivíduo outrora de origem bucólica, optou pelo ostracismo e nunca mais quis saber de vida política. Após o fato ocorrido, o indivíduo desculpou-se à sociedade a quem um dia pertenceu e se afastou para a vida estável que se encontrava com sua outrora miserável família. Morou com a sua família em um suntuoso bairro da cidade grande durante anos e nem sequer em um determinado hiato de tempo voltou à vida a qual pertencia ou se preocupou a ajudar a quem necessitava de fato de um subsídio. Andava pelas ruas com belo automóvel e quando por ventura encontrava a plebe entregava-lhes alguns livros. Fiquei por alguns segundos estagnado e surpreso com aquela situação que o ser de olhos claros me contara. Minutos após, o ser de olhos claros lentamente levou suas mãos sobre meus olhos e fechou, acordei assustado com um livro na mão que se chamava: "Existe razão para levantar e Transformar?"- autor- A consciência.