quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A internet como alienação subjetiva na perspectiva do lazer, prazer e, portanto, da liberdade?


Na atualidade costumamos associar o conceito de internet com lazer e algo que nos proporciona uma liberdade de estudarmos e, portanto conhecermos as coisas. Ora, mais o que é lazer? Etimologicamente a palavra lazer vem do latim Licere, que significa folga, descanso e aquilo que é lícito, portanto permitido. É uma “utilização do tempo livre” existente no intervalo entre um trabalho e outro, livre das obrigações familiares, profissionais, sociais, políticas e religiosas. O homem quando pode fugir dos aborrecimentos cotidianos, divertindo-se, fazendo algo que ele gosta e que lhe interessa sem imposições, portanto algo associado ao lúdico do latim ludere que origina ludos e, portanto, também um entretenimento que pode ser inteligente, cognitivo, alimentando uma ilusão por meio de brincadeiras e, portanto um sonho que pode vir a ser realizado - e ficamos muito felizes quando ele se realiza - e, simultaneamente, levando o seu interesse em busca do prazer, encontrando, portanto, diversas possibilidades de usufruir o seu tempo com algo que lhe pertence, e que ele pode e deve usar na sua “realização pessoal”, esse homem é livre. Ora, o que é o prazer? Segundo Aristóteles, prazer é uma disposição constante conforme a natureza. Prazer vem do latim placere ou volupta. Ou seja, se é de natureza o tempo livre, portanto a possibilidade do descanso, da privação do trabalho, dos aborrecimentos sociais e, portanto da possibilidade do advento do lúdico que pressupõe o cognitivo, das realizações dos desejos, a ilusão e a busca da realização pessoal, há um lazer que origina um prazer. O prazer é o que priva de dores e sofrimentos e se enquadra na dimensão da vida afetiva, dos desejos e realizações espontâneas, livres de imposições de convivibilidade e de valores pré-estabelecidos, portanto por meio do prazer e do lazer há uma possibilidade de pensamento livre, de liberdade de escolhas. O lazer é o que caracteriza o prazer. Ora, mas, assim como é de nossa natureza sentir prazer, é de nossa natureza, também, se desmedir e/ou se desviar e, portanto se alienar a condições atuais, pois, como dito anteriormente, prazer é um hábito conforme a natureza, portanto é de nossa natureza se desviar do pensamento subjetivo e da liberdade, se aderindo a uma falsa liberdade, qual seja, uma enganadora permissão das coisas por meio de imposições ora sociais, ora políticas, ora históricas, ora econômicas etc. Ora, o lazer, segundo Littré, é um estado no qual é permitido fazer o que se quiser, livre no espaço/tempo das coerções e atrelamentos sociais. Ora, como se dá isso em nosso mundo? No nosso mundo, as pessoas não sabem o que fazer com o espaço/tempo livre, pois os seus espaços e, portanto tempos, estão atrelados à estereotipagem das classes sociais de força maior, sobretudo. Portanto há uma crise do que se fazer com o espaço/tempo, pois na nossa contemporaneidade as pessoas ficam aguardando que alguém determine o que se faça, ou seja, as pessoas não sabem mais se pôr no mundo do lazer e, portanto, não há possibilidade de prazer, pois o prazer requer lazer e o lazer privar-lhes-ia de imposições sociais. Ora, o lazer foi deturpado em detrimento do prazer, pois todos os lazeres da sociedade são em virtude de criações de classes sociais de força maior que criam um prazer alucinatório, qual seja, um prazer conforme a natureza, ou seja, em cima da natureza de seres que podem se desviar, se alienar, falhar com a subjetividade do pensamento e da liberdade desprovida de imposições. Ora, na questão do espaço/tempo, as pessoas os utilizam infinitamente com coisas de cunho alienatório e alucinatório, pois são todos em virtude de prerrogativas e ganhos de outrem. Portanto, há também na contemporaneidade uma crise na subjetivação. E a internet e seus meios de comunicação? Ora, a internet e seus meios, hodiernamente, é/ou deveria ser o alicerce da emancipação. No entanto, as pessoas isentaram-se do uso de conhecimentos e da difusão deles, por ela (internet) fornecida, e se alienaram a meios de relacionamentos improfícuos, como modismos e outras coisas frívolas e hostis impostas pela própria rede. Ora, qual é o lazer da internet, nesse ponto de vista, se o lazer é exatamente o que priva de atrelamentos, vanglória e prestação de serviços às redes sociais de força maior, qual seja, os detentores dos meios de comunicação virtual? Lazer e internet são inconciliáveis, nesse ponto de vista, pois a internet está privando as pessoas da subjetivação do pensamento crítico, pois está criando um tecido de afetividade alucinatória, porque possibilita rápida informação e inúmeras prestações de serviços, conquanto, em detrimento da análise e, portanto, da liberdade de pensamentos e escolhas. No livro: “The Shallows – What the Internet is Doing to our Brains” ou “No Raso – O que a Internet Está Fazendo com os Nossos Cérebros”, o autor, Nicholas Carr, formado em literatura pela universidade de Harvard e jornalista, vai nos dizer que a internet, como tecnologias anteriores, amplifica certos modos de pensar e aspectos da mente intelectual, mas, ao longo do caminho, sacrifica outras coisas importantes. Para tanto, alega que o número de pessoas que leem livros sérios vem caindo há um bom tempo, mas que haverá no futuro pessoas lendo tais livros. No entanto, essa prática está mudando do centro da cultura para a periferia, e as pessoas começam a usar a tela como sua ferramenta principal de leitura, ao invés de página impressa, pois a sociedade põe ênfase no pensamento para a solução rápida de problemas, tipos utilitários de pensamento para encontrar informação rapidamente, distanciando-se de formas mais solitárias, contemplativas e concentradas. Por outro lado, todos têm escolhas. Mesmo que essa desconexão se torne mais difícil, pois a expectativa de que permaneçamos conectados está na vida profissional e social, Carr vai dizer que a maneira de manter o modo mais contemplativo de pensamento é desconectar-se por um tempo substancial, reduzindo a dependência em relação às tecnologias e exercendo a capacidade de prestar atenção profundamente em uma única coisa. Em outras palavras, para Carr, a internet produz cérebros sob medida para mentes superficiais, de modo que obrigue a pensar de forma ligeira e utilitária em detrimento das percepções, bem como a análise crítica, conceitual e minuciosa das coisas. A ingenuidade faz com que os jovens estudantes, sobretudo, acessem sites inseguros, recorram a conteúdos desatualizados e não saibam a diferença entre informações boas e ruins. Portanto, essa é explicação da crise subjetiva, cognitiva e, portanto, do lazer, pois nos adaptamos a imediatidade do mundo e a padronização das ferramentas impostas por alguns dominadores destes sites, sobretudo de relacionamentos. A internet, na verdade, possibilitou um acesso as coisas que, anteriormente, eram dominadas apenas pela sociedade do capital. Nesse sentido, a internet significou, para alguns, a “luta” para a emancipação, haja vista a progressiva redução nos lucros do mercado fonográfico devido aos downloads piratas entre tantas coisas. Podemos afirmar, então, que a internet possibilita a difusão de conhecimentos gerais, discussões entre povos, acesso às coisas antes restritas e, sobretudo, a possibilidade de organização dos povos para a busca dos direitos em detrimento da sociedade dominante do capital. No entanto, o maior problema que se tem é o da adaptação as coisas impostas, astuciosamente, pela sociedade do capital. A sociedade do capital, barbaramente, cria maneiras de persuadir as pessoas a se estereotiparem em ferramentas, alegando, falsamente, valores reais a estas, além de padronizá-las e limitá-las, no que concerne a expressões que contradizem e, portanto, ameaçam e comprometem as suas ações dominantes. E, além do mais, a sociedade majoritária “não” teve acesso, historicamente, a um cabedal de cultura e conhecimento necessário para resistir, criticamente, a essas padronizações e limitações. Entretanto, há um número considerável de pessoas que utilizam a internet como busca de emancipação através de blogs e outros meios, difundindo suas idéias e críticas ao público. Portanto, a questão da internet ainda é ambígua, pois por um lado ela tem um cunho libertador e por outro alienador. Ainda, portanto, estamos em uma reta de esperança, cujo seu ponto final é quem determinará o fim da “luta” entre sociedade do capital impositora e sociedade proletária sem direitos. “O mundo eletrônico não está de forma alguma estabelecido, e está na hora de tirar vantagem desta fluidez através da criação. Antes que nos reste apenas a crítica como arma.” (Distúrbio eletrônico, p. 33).

Jonathan Borges

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Os funkeiros da lotação


Irei iniciar como uma simples pergunta: Por que 96%, ou mais, dos cobradores (as) de lotações, da cidade de Guarulhos, são funkeiros (as)? Gostaria de chamá-los, caros leitores, a refletir comigo. Primeiramente, vamos viajar um pouco na maionese. A sociedade jovem, sobretudo, está incapacitada de enxergar o quanto está sendo depreciada e desmerecida. A mídia e o marketing de algumas empresas privadas, detentoras de casas de shows, por exemplo, estão atreladas há muito tempo em um projeto de mobilização de jovens. O comercial que é feito nas principais rádios do Brasil sobre essas casas de shows é absurdamente imensurável. Praticamente 24h por dia só se fala em shows e promoções de ingressos. Tanto é assim, que fazem inúmeros sorteios de camisetas, CDs, ingressos, participação em camarins, entre outras coisas, diariamente, a fim de aumentar o público em suas controladas e diversas casas de shows. Ora, por quê? Certamente, e sem dúvida nenhuma, percebeu-se que esta é a maneira que mais dá certo no que pertence a quantidade de público jovem/consumidor. Mas, no entanto, isso não é o mais preponderante. Na verdade, as rádios (mídia) e os donos das casas de shows (donos da empresa/negócio), ganham público com a promoção de espetáculos absurdos, ou seja, quanto mais absurdas forem as apresentações melhor. Tanto é verdade esta afirmação, que se ouve infinitos nomes de participantes excêntricos, como Mc chupetinha, Mc Fulano Boladão, Mc creu, Mc piriguete, em fim, como dito anteriormente, quanto maior o absurdo do nome do pseudo-artista melhor, pois aumentar-se-á a vontade de participar do evento. Além disso, tem aquelas promoções de garotas sem calçinha, que até as três da madrugada não pagam ingresso, além da existência de promoções de vodcas, Red Bull, e por ai vai. Ora, mais o que me deixa mais intrigado é saber que essa diversão é uma maneira de alimentar os donos do capital em prejuízo da própria perda moral e da qualidade de vida. E ainda tem mais, os próprios donos das casas de shows contratam a polícia para que, ao final do baile, esses, dispersam essa turma por meio da pancada, pois o seu comércio corre o risco de ser interditado, devido os fuzuês que são cometidos nas ruas e nas casas, implicando, portanto, em grandes prejuízos para os empreendedores. O outro lado da história, e que poucos sabem, é que as rádios têm acordos com empresas de marcas estrangeiras com fábricas no Brasil, a fim da obtenção de lucros gritantes em ambas as partes. Por exemplo, as rádios dão oportunidades aos funkeiros para cantarem nas casas de shows dos empresários, com letras que defendem essas marcas, ou seja, letras que falam que malandro de verdade e que pega todas as mulheres é aquele que usa Oakley, Lacoste, Juliete etc., de modo que aumente, portanto, a venda destas, resultando, no final das contas, a repartição da grana, com grande alegria e festividade, apenas entre os donos do poder, mídia/empresa. Será que estamos conseguindo entender, juntos, até que ponto chegam as coisas? Espero que sim. Vamos continuar. Bom, considerando todas as informações acima citadas, podemos concluir parcialmente uma coisa: As roupas de marca e as músicas de funk só tendem a aumentar, ininterruptamente, cada vez mais, pois estas, são mostradas como super-valores de conquistas. E que conquistas seriam essas? São elas: status, muitas garotas e garotos, respeito na favela, votos nas comunidades do Orkut, bebidas incontroladas pelos amigos, entre inúmeras coisas. Pois bem, antigamente, os mais velhos, como pais, mães, tios e parentes em geral, ficavam revoltados e inconformados com essas atitudes dos filhos e sobrinhos. Não conseguiam, de maneira alguma, suportar os seus jovens sobrinhos e filhos usando brincos alargados, cabelos espetados, correntes gigantescas, piercing em tudo quanto é lugar, entre outras coisas, 24h e 365 dias no ano. Isso, para os parentes, desses jovens perdidos, era intolerável. Tanto é verdade, que muitos apanhavam de correias, ficavam fora de casa e até eram enviados para a FEBEM. Sem contar os atos desesperados de chamar padres, pastores e o diabo a quatro, para tentarem resolver a questão. E mais, quando esses jovens, e muitos deles, apareciam em casa com filhos, resultava, muitas vezes, em morte. E para completar, nenhum destes jovens queriam trabalhar, aliás, quando não queriam trabalhar, pois visavam viver como parasitas apoiados nos pais, não conseguiam arrumar emprego, pois as empresas os rejeitavam. Os únicos empregos possíveis eram, absolutamente, escravizadores, ou seja, de 10 a 14h por dia, sem direito a nada. Isso, para os jovens, era intolerável, pois implicaria deixá-los de sair às festas e shows promovidos pelas rádios. Diante deste cenário deplorável e praticamente irreversível, alguns pais e parentes, que por sinal, não viviam aquela vida que pedira a Deus, pois levavam uma vida simples no subúrbio, tiveram uma brilhante idéia, que até parece que foi combinada de tão certo que deu: “Vamos juntar forças e comprar uma van a fim de trabalhar com Lotação (transporte público), pois tiraremos os nossos filhos e sobrinhos das ruas e da vagabundagem para trabalharem conosco e, além do mais, muitos deles já tem filhos, esposas e casas de aluguel e, nós, não aguentamos mais sustentá-los”. E assim foi feito. As coisas deram tão certas que no decorrer do tempo os parentes deixaram as vans nas mãos dos sobrinhos e filhos, e esses colocaram seus filhos ou, quando não,seus colegas para a função de cobrador, obrigando, portanto, as pobres pessoas/passageiras de boa conduta ética escutarem as músicas de funk em vossos trajetos. Imaginem vocês o desconforto de uma pessoa que trabalhou o dia todo ter que passar cerca de 40 minutos ou mais escutando músicas falando de perversidades? Mas em fim, não é o caso. Continuemos. E os parentes, no fim das contas, acabaram, mesmo que alucinatoriamente, “marajás”, ou seja, só em casa esperando o dinheiro dos filhos ou sobrinhos, deitado em seus sofás, de meias nos pés e assistindo as novelas e programas boçais da Rede Globo e Record, sobretudo, em suas TVs de plasma de alta definição, compradas nas Casas Bahia, por sinal. E não acaba por ai. Os parentes exigem grande lucratividade e maior número de passageiros nos trajetos das lotações. Tanto é assim que observamos, diariamente, competições entre os grupos e/ou gangues de lotações. Eles usam transmissores Nextel para conspirar contra outras lotações. Sem contar com as clandestinidades na madrugada, aliás, penso que na clandestinidade da madrugada é onde eles ganham mais dinheiro, pois é nessa hora que a rapaziada, nos finais dos shows, pegam o transporte e, afinal de contas, os funkeiros das lotações são amigos do peito da rapaziada que frequenta casas noturnas. Ora, agora que já entendemos mais ou menos como os funkeiros das lotações são humilhados e prejudicados pela mídia, empresas e, absurdamente, pelas famílias, vamos a parte final desta reflexão. Os funkeiros de plantão, além de não enxergarem essas atrocidades, as tratam com a maior naturalidade e despreocupação do mundo. Os salários que os parentes dão a eles, quando não é o da fome se tornam inútil, pois eles (funkeiros) não sabem utilizar o dinheiro adequadamente. Ora, o que eles fazem com o dinheiro? Eles vão às lojas da Oakley, Lacoste e Juliete e pagam fortunas em roupas, bonés, tênis, correntes e brincos e deixam as crianças sem o leite. Estão achando um absurdo? Pois é, mais é exatamente assim como acontece. Pois bem, continuemos, está quase acabando. E tem mais, agora a moda é pegar as garotas que saem da escola e pegam as lotações nos diferentes horários, quais sejam, manhã, tarde e noite, e encher o mundo de filhos de funkeiros. Nesses trajetos ocorrem trocas de Messenger e Orkut e, absurdamente, quanto mais funkeiro e irresponsável forem o cobrador e o motorista, mais status eles terão com as garotinhas, afinal de contas elas são tão funkeiras quanto eles. Este ciclo se faz infinito, pois as garotas nas escolas divulgam os funkeiros das lotações, os funkeiros das lotações divulgam as garotinhas das escolas entre eles, ambos se reúnem aos finais de semana nas casas de shows dos empresários e das rádios, as bebidas rolam a solta, vários filhos, futuros funkeiros e funkeiras de lotações, vão surgindo, e os donos das empresas, rádios e alguns parentes maldosos vão enriquecendo. Conseguiram entender? Se não, leiam novamente até entenderem, pois isso é extremamente sério. Se sim, ficam as perguntas: Quem são os reais prejudicados da história? Vale a pena investir infinitamente no funk? Essa eu não posso responder, portanto deixarei para os que leram até aqui. Forte abraço!

Jonathan Borges

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Tempo do não silêncio


Vivemos em um tempo absolutamente paradoxal. Outrora, podíamos ouvir os pássaros pela manhã, as árvores chacoalharem e sentir a pureza de um belo alvorecer. As ruas eram mais vazias, menos desenvolvidas e quase não se tinha tecnologia. Carros eram raros e o ar mais puro. Televisores eram inexistentes e, portanto quase não havia propagandas. Os avôs, tal quais as avós, contavam demasiadas histórias na varanda onde o cachorro adorava descansar nas belas tardes tranquilas. Brincar e correr na rua era alegria imensurável e balançar-se na rede do quintal era como estar cercado de um jardim florido. As músicas eram suaves e relaxantes e ouvia-se com pureza o som de harpas e pianos. Nada era mais gostoso do que ler um livro numa bela tarde de sol deitado na grama. Quando se tinha um talento na vila, esse era aplaudido, respeitado e referenciado. Ora, e o nosso tempo atual? Nosso tempo é absolutamente carente de prazer, de silêncio e, portanto de respeito. Tudo é muito barulhento, rápido, prático e inquieto. Não se ouve mais pássaros, árvores, músicas, ar etc., o que ouvimos são carros, aviões, brigas, músicas sem sentido e atordoantes, buzinas, em fim verdadeiros estrondos infernais. Não há mais possibilidade de se ouvir histórias das avós, pois os televisores, tal quais as novas tecnologias como a internet e suas particularidades, como apetrechos virtuais os substituíram. Livros são impossíveis de ler, pois existem demasiadas fábricas barulhentas amparadas pelos ávidos capitalistas, praças que mais parecem anexos de avenidas, escolas que mais parecem salão de festas, bibliotecas cercada por mercadões, ou seja, a cidade se transformou em um verdadeiro inferno. Outra agravante é que tudo deve ser imediato. A sociedade vive em constante e, talvez, eterna imediatidade. Tudo deve ser agora e não pode ser depois, pois o depois significa, nessa sociedade, o atraso. Para tanto, haja vista a avidez das pessoas, a partir do primeiro emprego ou não, para comprar carros, aparelhos eletrônicos, roupas de marcas, bem como casamentos e namoros indesejáveis, pois tudo parece estar atrasado, intolerável. Ou seja, é necessário que tenha essas coisas já, agora, pois existem pessoas que já têm e, portanto isso é intolerável e inadiável. Todas as referências e tradições se perderam e quem dita às regras são os mercados, quais sejam, mercados dos automóveis, das roupas internacionais, dos produtos de beleza, dos aparelhos eletrônicos, das músicas atordoantes, em fim todo o mercado financeiro. Não existem mais conversas com vizinhos ou parentes, apenas com os computadores e suas webcams. Os talentos que se tinham nas cidades foram absolutamente ignorados e agora só são prestigiados e vangloriados os talentos dos realities shows e os artistas musicais da mídia. Portanto, nosso tempo se plasmou em um tempo do anti-valor, pois não se reconhece mais valores e tradições, pois se perdeu o silêncio, a paciência, intolerância e tudo têm que ser conquistado imediatamente a qualquer custo, seja por guerras, gangues etc. A possibilidade do tempo do descanso também não existe mais, pois, ou as pessoas trabalham e estudam muito ou não fazem nada e ainda não tem tempo para nada, nem mesmo para descansar ou ouvir o silêncio. Portanto, fica estabelecida a importância do silêncio e do tempo da pureza, da calma e, portanto do prazer real.
Jonathan Borges

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O novo cenário da Internet, bom ou ruim?

As novas tecnologias em conjunto com um pequeno número de empresas açambarcaram as redes de comunicações, coibindo a sociedade da busca do conhecimento das coisas, sobretudo do mundo, pois o que, a princípio, proporcionaria para nós o conhecimento holístico da esfera terrestre, tornou-se algo absolutamente inútil, porque utilizamos a internet erroneamente, se estereotipando a vídeos, conversas, imagens etc. que não nos possibilitam a perpetrar a reciprocidade de conhecimentos e idéias. A internet, hodiernamente, é uns dos meios de comunicação e pesquisa extremamente importante para a dissonância de ideologias transformadoras da cultura atual, a cultura do anti-valor. Devemos repensar as nossas ações enquanto defensores da rede como forma de conhecimento, transformação e evolução da sociedade na era digital, em detrimento do cenário atual da rede de relacionamentos. Devemos agir enquanto defensores digitais, de modo que as ideologias sejam transpassadas a todos os usuários e não apenas ser restringido a um grupo defensor, caso contrário não há sentido em nossas ações, textos, conversas, pois já nos conhecemos, tanto intrinsecamente quanto extrinsecamente. Os jovens, sobretudo, vivem em mundo tecnológico, pois nasceram simultaneamente com ele, no entanto não sabem como aproveitá-lo, e, tampouco, como aproveitar seu tempo, ou seja, há uma crise da imaginação e uma crise de cultura, proporcionada por alguns autores da sociedade aristocrata, em detrimento da cultura dos pais e, obviamente, dos filhos e assim consecutivamente. As crianças e os Jovens chegam em casa, se isolam dentro de suas covas(quartos), onde possuem TV, computador, livros escolares entre outras coisas, e o que eles fazem? Entram nas redes de relacionamentos (MSN e ORKUT), ou seja, o verdadeiro absurdo, porque grande parte do conhecimento que o alicerçaria para a vida está contido ali, mas eles os ignoram inteiramente. Os pais que deveriam ser os verdadeiros orientadores sofrem dessa crise também, pois têm as mesmas coisas em suas covas, no entanto ficam fixos a novelas e programas boçais, ao invés de instigar e subsidiar seus filhos a usufruir dessas benfeitorias, ou o que deveria servir de benfeitorias. E a sala, que deveria ser o local da casa como encontro, discussões cognitivas, interação familiar entre outras coisas, se plasma em um cenário lastimável do nosso contemporâneo. Ora, portanto devemos realmente repensar e elaborar ações, de modo a implantar a contracultura, em detrimento da cultura atual. Então, o que podemos concluir de tudo isso? Ora, simples, a sociedade capitalista se organiza, cria ações e benfeitorias para a sociedade e, concomitantemente, cria programas e ferramentas que dispersam a sociedade de utilizarem essas benfeitorias, ou seja, é um contra-senso em detrimento da evolução intelectual e social da sociedade, porque necessitam executar essas ações, pois são beneficiados por elas. E a sociedade enxerga apenas as ações benevolentes, que na verdade não são benevolentes, são profanas, mas em fim, a sociedade não foi aculturada corretamente para discernir os valores que foram absolutamente transgredidos e contrariados. Portanto, os defensores da era digital, do software livre, entre tantas coisas, devem dissuadir a sociedade a aderirem os reais valores da tecnologia, ao invés de criticarem valores predeterminados, como a Microsoft, por exemplo, e outros meios de comunicações que alargam a anti-cultura do país.
Jonathan Borges

A perda e a mágoa como forma de vida

Nada mais desesperador e constrangedor do que o ressentimento e o arrependimento. A sensação do erro é a mesma sensação da perda. Como resolver um problema quando o mundo cai sobre nós? Quando somos desacreditados e, portanto quando sofremos com a perda de uma ilusão? O que é ilusão? Ilusão não é algo que é impossível de se realizar ou um sonho eterno que traz tristeza etc. A ilusão é a imaginação, o pensamento. A ilusão pode ser realizada e, nós, ficamos muito contentes quando ela se realiza. Quando temos uma ilusão, nós temos uma esperança e, portanto uma vontade de realizá-la e, obviamente, lutamos por ela. E quando somos desconcertados? Quando acontece a perda de uma ilusão e ficamos com ressentimentos, o que fazer? Como agir quando tomamos consciência de que erramos e, portanto perdemos? Na verdade, não há nenhum motivo para o desespero, pois a própria tomada de consciência do erro cometido é a reconquista de uma ilusão e, portanto da liberdade e da volta da alegria. Quando tomamos consciência do erro aprendemos com ele, de modo que se formos prudentes, não cometeremos o mesmo erro, pois saberemos o resultado. Então a perda da ilusão e o erro não são nossos inimigos, ao contrário, são nossos amigos, pois nos orientam a uma nova forma de pensar e agir. Então quando somos afastados de algum meio ou somos magoados por alguma pessoa, por exemplo, nem sempre é algo ruim, pois esse momento é o momento da consciência de que falhamos e, portanto é o momento da aprendizagem e da evolução emocional, experiencial e, portanto intelectual. A perda momentânea de uma amizade, por exemplo, nos fazem olhar para trás, reconhecer os atos cometidos, sejam eles bons ou ruins, e nos ensinam a reconhecer os reais valores, ou seja, quando perdemos essa amizade, reconhecemos se ela era ruim ou não. Quanto maior o ressentimento ou a mágoa por essa perca, maior era o valor dessa amizade, porque se não tivéssemos nenhum arrependimento, significaria que a amizade perdida não tinha nenhum valor para nós. A perda e o erro nos auxiliam na conquista ou reconquista, e devemos lutar de alguma forma por isso. Portanto, a tomada de consciência é a reconquista do conhecimento perdido, a volta da ilusão de uma possível conquista e o reconhecimento dos valores, sejam eles de amizades ou não.

Jonathan Borges

Os Emos não devem ser criticados! Ora, por quê?


Afinal de contas o que significa essa palavra que tanto nos persegue: Emo? Na verdade o termo “emo” vem de “emotional hardcore” ou emocional centralizado, que eram bandas de origem americana dos anos 80, mais precisamente de punk/rock e que faziam canções curtas, com letras baseadas em protestos políticos, sociais, além de revoltas e frustrações individuais etc., cantadas de forma agressiva, sobretudo. Assim como qualquer grupo social, o emotional hardcore tinha a sua maneira de se diferenciar dos demais, como os estilos de roupas que visualizamos por ai. Ora, mas esse estilo tinha uma ideologia: o protesto! Essa cultura se dá, obviamente, devido a uma cultura territorial, sobretudo dos Estados Unidos da América. Pois bem, essa ideologia é inteiramente aceitável no ponto de vista americano, pois ela tinha um fundamento, seja ele bom ou ruim. No Brasil, mais precisamente a partir de 2003, na cidade de São Paulo, os jovens aderiram o estilo emotional hardcore, sobretudo por causa do estilo diferenciado na vestimenta, mas sem fundamento algum, ou seja, um belo de um plágio mal feito e puramente patético. Obviamente, isso se deu através de uma banda musical brasileira que trouxe para o país o estilo, no entanto contradizendo e deturpando a sua real ideologia. Essas bandas transformaram a ideologia emotional hardcore, que era de protesto territorial, sobretudo, em uma fantasia vazia, sem sentido, solitária, excluída e, principalmente excêntrica. Essas bandas desconsideraram toda uma cultura brasileira e plagiaram uma cultura que não nos pertencem, mas sim a um país que historicamente nos tratou como estrumes. Isso prova como o Brasileiro é altamente sem cultura e, portanto como ele não conhece a sua própria cultura, se apóia nas alheias sem considerar que foi tratado como verme pelas próprias culturas nas quais se apóia. Inacreditavelmente as pessoas adoram criticar os “emos”, quando na verdade não são eles que devem ser criticados, mas sim a cultura territorial, porque nos apoiamos em uma cultura que não é nossa, vangloriando algo que nem sabemos por que existe, afinal de contas os declarados “emos” não sabem nem por que são assim, mas como o estilo está na moda todos se apropriam. Nenhum estilo de roupa, nenhuma cultura territorial deve ser considerada ridícula, pois tem fundamento, história. Ridículo é se apropriar de uma cultura alheia e, ainda por cima, deturpá-la, como fizeram os frívolos brasileiros. Portanto, por que criticar os “emos”? Os emos não devem ser criticados, pois os emos têm a sua própria cultura, ou seja, a cultura americana. Por outro lado, o brasileiro deve ser infinitamente criticado, porque ele não considera a sua própria cultura e, portanto rouba as alheias e as transformam em lixo. Pobres dos originais emos americanos! O Brasileiro, diferente do americano, não é capacitado suficientemente a ponto de criar a sua própria personalidade e de ser livre, ele copia e vangloria infinitamente coisas alheias. Dificilmente, no Brasil, observamos pessoas utilizando roupas nativas, apenas estrangeiras entre tantas outras coisas. O Brasil não é só um país subdesenvolvido economicamente, mas, sobretudo, intelectualmente. O Brasil, infelizmente é altamente ignorante. Ignorante no sentido mais amplo, ou seja, de não considerar os valores, sobretudo os históricos. Nos EUA, tal quais outros países, seus baluartes são vangloriados constantemente. No Brasil, não se discute sobre quem lutou por nós. As pessoas mal sabem quem foi Marechal Deodoro da Fonseca ou Joaquim José da Silva Xavier, tampouco a data da independência, mas sabem o nome de quase todos os artistas estrangeiros, como Justin Bieber etc., agora pergunta quem é Chico Buarque? Muito possivelmente irão perguntar se é algum ladrão. Portanto, os “emos” não devem ser criticados, aliás, no Brasil, as pessoas que se alto-proclamam “emo” deveriam ser chamadas de qualquer outra coisa, menos “emo”, pois isso é uma ofensa ao estilo original/Americano. Aliás, os emos devem ficar emputecidos ao saberem que são considerados viados, chorões, frescos e brasileiros. O que podemos concluir disso tudo? Podemos afirmar que o estilo “emotional hardcore” sendo mal ou ruim, é um estilo de uma cultura Americana, portanto é absolutamente aceitável nesse ponto de vista. Ao contrário do animal irracional Brasileiro e seguidor de culturas alheias, que deveria ir usar esse estilo nos Estados Unidos da America para ser literalmente linchado, ridicularizado, detido etc., além de receber a coroa de ladrão de culturas Americanas e pobre mortal sem personalidade.

Jonathan Borges

O Futuro do nosso Futuro

Nos nossos dias, costumamos associar a idéia de passado com atraso, porque acreditamos que o passado nos impede do progresso ao futuro. Mas, como alcançaríamos o futuro se não existisse o passado? O passado não é uma coisa morta, o passado, na verdade, é o que nos auxilia para o futuro. Ora, o que é o futuro? O futuro não é o que está para vir, mas o que já veio no momento em que pensamos e agimos para o futuro, ou seja, o futuro não é o amanhã, mas sim o hoje. Que sentido teria o futuro se desconsiderássemos os atos do passado? Só é possível existir o futuro se existir o passado. Como posso pensar no amanhã se o hoje não existe? Portanto, se sairmos hoje, por exemplo, para chegarmos amanhã, significa que o futuro é o momento em que chegarmos ao local desejado, pois se nunca sairmos, jamais chegaremos ao local e, portanto o local desejado jamais será o futuro, porque não saímos no passado. Portanto, o futuro não é o depois, mas sim as ações que executamos no agora. Nossos futuros são escritos nas estreitas linhas do nosso presente. Um futuro feliz só é possível se amarmos nós mesmos no presente, pois desta forma lutaremos para conquistarmos um futuro vencedor para nós. Por que alegria e tristeza são inconciliáveis? Porque as relações do passado é que determinam uma categoria para o presente e, no presente, determinamos o melhor ou o pior para todo o resto. O próprio sorriso é um futuro construído, pois já nascemos chorando. O choro de um recém-nascido é um protesto por ele não escolher o seu próprio futuro. Ora, por quê? Porque, na verdade, nós não escolhemos nada. Não escolhemos onde queremos nascer, o período histórico que nascemos ou a classe social, ou seja, não escolhemos nada. Então já não nascemos livres. Nascemos apenas com caminhos a seguir, no entanto esses caminhos já são pré-determinados, ou seja, escolhemos uma coisa ou outra que, no entanto, já foi modelada e imposta para nós e, portanto não optamos pela categoria da liberdade, do desejo. Ora, a liberdade de escrevermos o nosso próprio presente é a possibilidade de construirmos um futuro feliz, pois todas as nossas ações, obviamente, serão realizadas espontaneamente para suprir e satisfazer as nossas necessidades. E o que é a felicidade? A felicidade é a conquista das nossas necessidades ou daquilo que nos satisfazem, a partir do momento em que passamos a nos conhecer, de modo que conhecemos as coisas que nos trazem contentamento e satisfação. Nós somos o futuro. Portanto, qual é o futuro do nosso futuro? O futuro do nosso futuro é escrito no presente, pois o presente no futuro será o passado e o passado é hoje e agora. Portanto, passado, futuro e presente são uma coisa só, absolutamente, interligadas. Então, podemos concluir que, devemos, no presente, pensarmos e agirmos, buscando as coisas que nos auxiliarão para a conquista de um futuro plausível e satisfatório, não esquecendo que o presente e o passado são o que determinam o próprio futuro que é hoje, e que o hoje é o passado e o presente.
Jonathan Borges
“Não existe futuro sem passado, futuro sem presente e presente sem passado” (Jonathan Borges)