sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A morte da juvenilidade 3 - "O juvenil como vítima"


A explicação para todo esse conjunto de pensamentos é uma só: a juvenilidade é vítima da sociedade. Ora, entendemos que vivemos no mundo sem escolhas, sem liberdade. A inexperiência e o mal estar no tempo da juvenilidade são devido a não saber o que fazer com o tempo, ocasionando uma crise da imaginação e do conhecimento. A crise do conhecimento e da imaginação causa o tédio e a carência. Para compensar o tédio e a carência, o tempo é preenchido em cima de vontades alheias, causando assim a impersonalidade. Ora, essa lógica é o que explica o tempo da anti-cultura. O juvenil não é culpado por cometer coisas sem nenhum sentido, porque ele é carente de conhecimento próprio e do mundo. Ele é ludibriado e, portanto comandado por uma classe maior, sobretudo a média-alta. Todos os gostos e predileções da juvenilidade não são criados por eles ou de valores pré-estabelecidos sejam eles familiares ou escolares, mas pela sociedade dominante que criam uma alegria alucinatória para os jovens, obviamente, se beneficiando disso. Ora, a questão é como mudar esse rótulo do anti-valor. É uma tarefa absolutamente difícil, sobretudo, para os educadores. Os educadores, sobretudo pedagogos, são mais importantes do que os pais, porque os pais - das classes menos favorecidas - já se enquadram na sociedade do anti-valor porque também não foram aculturados corretamente. Ora, como dar educação adequada se não tive educação adequada? A educação primária é crucial para a transformação do rótulo da sociedade. A criança que tem uma boa educação familiar e escolar tem maior probabilidade de resistir as contradições da classe dominante, ou seja, a classe do anti-valor, a classe do capital, do dono do engenho que age em detrimento das classes menos favorecidas, porque dependem e, portanto necessitam deles. Ora, o que temos hoje? Nós temos um juvenil absolutamente sem escolhas, ou seja, o que ele aprende na escola é inteiramente contrário do que aprende em casa e com a sociedade, sobretudo, deixando-o aturdido e obrigando-o a seguir o majoritário. Portanto, a principal função do educador não é preparar um aluno para o mundo, mas preparar um aluno transformador do mundo, de modo que quando esse aluno sair do estudo primário, ele esteja preparado para enfrentar e resistir os embates contraditórios da sociedade. Ora, isso só é possível por meio de um conjunto de idéias e pensamentos de pais e educadores, de modo que incutem no juvenil o conhecimento do mundo e a importância do pensamento, para que ele possa cotejar as culturas (anti-valor e valor). O desafio maior dos educadores, acredito, é incutir essa possibilidade de pensar sobre o mundo, e, portanto se libertar das classes, além dos filhos, nos pais, pois os genitores já estão aderidos a uma classe e, portanto também são vítimas da sociedade dominante. A função do professor/educador, acredito, não é impor o certo em detrimento do errado, mas fazer com que o aluno/aprendiz coteje o certo do errado com um amplo conhecimento dos valores político-histórico reais da sociedade. Portanto, o desafio se torna imenso, pois enfrentar a cultura da sociedade e dos pais contradizendo essas existentes e implantando a contracultura no juvenil ainda no primário para que ele possa resistir e defendê-las futuramente é absolutamente complexo, no entanto possível. Por isso a importância de professores/educadores bem preparados, pois a tarefa não é fácil. O que devemos nos perguntar é se o “conjunto de professores/educadores” estão preparados para isso ou têm conhecimento disso. Obviamente, a luta do professor/educador é a luta contra a sociedade política, sobretudo. No entanto, o professor/educador trabalha dentro de um projeto político. Portanto, é todo um conjunto de análises e de jogo de cintura para destrinchar esse paradoxo da sociedade hodierna, sobretudo infanto/juvenil que mais nos interessa. Portanto, a sociedade juvenil na contemporaneidade está, absurdamente, depravada e nós como pensadores, educadores e/ou professores temos que, incessantemente, lutarmos contra o “mundo” para que a transformação vindoura seja a mais breve possível.

Jonathan Borges

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