sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A morte da Juvenilidade


Afinal, o que é a morte? Ora, a morte é absolutamente nada. Quando se está morto não se fala, pensa, chora, não se faz nada porque já não se existe. Todos têm medo da morte, no entanto a grande maioria já estão mortas. Ora, como nascemos? Como fomos constituídos? Existia, no princípio, um vazio e no vazio os átomos. E esses átomos iam caindo nesse vazio. Sem nenhuma explicação esses átomos sofreram uma declinação – não um desvio, porque desvio pressupõe rota e nesse caso não havia rota alguma, os átomos foram caindo aleatoriamente – e no momento da declinação esses átomos se fundiram e constituíram a natureza e os seres vivos, assim como também não poderia ter constituído. Ora, nessa lógica, nascemos do nada, apenas surgimos, e assim como surgimos desapareceremos. Como diz a bíblia: “Do pó nasceste e ao pó retornarás.” Ora, então não há o que temer, pois a morte não é nada, pois a morte nunca existiu, o que existiu e existe é o vazio, portanto podemos associar a idéia da morte com o vazio e não algo tenebroso e horrível em que o homem sente dor e tortura etc. Ora, estamos vivos e vivos podemos falar, pensar, chorar etc. e, obviamente, quando estivermos mortos ou no momento da morte não poderemos fazer nada disso. Nessa lógica, podemos associar o nada de uma ação com a morte, pois se estamos vivos e podemos desfrutar de nossas potencialidades e qualidades de seres vivos finitos e não fazemos absolutamente nada, significa que estamos mortos. Ora, um exemplo simples de ser compreendido é a sociedade juvenil, os jovens, na sua grande maioria. O juvenil vive intensamente no vazio, vive com a morte. Ora, como é a vida do juvenil em nossos dias? Primeiro ele é desprovido de responsabilidades, muitas vezes porque os pais o fazem assim. Em segundo, ele não se importa com nada na sociedade, ou seja, tanto faz viver bem como não, se hoje está ruim não há importância, pois amanhã pode melhorar, embora não faça nada para melhorar, pois não tem auxílios. E terceiro, e mais grave, vive intensamente no tédio. Ora, como ele (juvenil) vive no tédio? Ele, todos os dias, entra no MSN, Orkut, entre outros meios, e não faz experiências de nada, porque, a princípio, o que era interessante e novo passa a ser velho e irritante, ou seja, tudo passa a ser repetitivo, sempre as mesmas coisas, as mesmas conversas, as mesmas pessoas, os mesmos vídeos, ou seja, um verdadeiro tédio, um tempo que não passa e um tempo inútil e terrível que precisa urgentemente ser esquecido. Tanto é assim, que ele (juvenil) liga o computador, entra nas redes de relacionamentos (MSN e Orkut) e vai fazer outras coisas, ou seja, vai assistir TV, sair na rua etc., porque ele já está absolutamente cansado disso, mas insiste em viver infinitamente no tédio, no nada. Alguns excluem e criam vários Orkuts e MSNs, ou seja, uma maneira de matar o tempo vazio, o tempo do nada. Ora, quando estamos vivos deveríamos aproveitar melhor o tempo, como estudar, viajar, praticar algum esporte etc., bem como utilizar as redes de relacionamentos como algo lúdico e, portanto cognitivo. Porque na verdade, a vida em si não tem um sentido absoluto, porque um dia iremos morrer, aliás, a única certeza que temos é que um dia iremos morrer, ou seja, se o fim último das coisas é a morte, que sentido tem a vida? Nenhum (tanto é assim, que a religião é uma criação dos homens para compensar essa intolerância que o fim é a morte, sendo assim, a religião coloca a idéia de divinização como uma vida infinita, uma vida pós morte). Ela (vida) só passa a ter sentido quando damos sentido a ela, e a forma do sentido é o conhecimento da própria vida para saber as coisas que nos fazem feliz e que nos possibilita a fazer algum tipo de experiência. Ora, que sentido o jovem dá a vida se ele não se importa com absolutamente nada? Ou seja, se a vida foi feita para viver, fazer experiências, ou seja, para aproveitar o tempo e nós matamos esse tempo com o nada, com o vazio, com o tédio, o que estamos fazendo? Estamos namorando com a morte, ou se tornando a própria morte. A morte, na verdade, não é o fim da vida, a morte é o que desacredita inteiramente a vida. E não fazer nada, não fazer experiência de nada, ficar preenchendo o tempo com bobagens, conversas chatas, programas chatos, estilos de roupas e cabelos ridículos, desinteresse pela escola, paixão por novelas, BBB da rede globo entre tantas coisas, o que estamos fazendo com a vida? Nós estamos desacreditando inteiramente a vida, estamos deixando de viver para viver para os outros ou viver para o nada, ou seja, para a morte. Então, para concluir, a morte está inteiramente presente na vida do jovem – assim como em muitas pessoas – porque elas não observam o absurdo de suas ações, que na verdade não é uma ação é uma forma de inação, e elas preenchem o seu tempo com coisas vazias e sem nenhum sentido e o não sentido das coisas e o vazio é a morte.
Jonathan Borges

Nenhum comentário:

Postar um comentário